A procura pela terapia sexual e de casal para melhora da performance sexual vem sendo algo bem comum ultimamente, onde muitas vezes tanto o casal quanto a pessoa que está em um relacionamento inicial vem com a preocupação de ter uma alta performance em suas práticas sexuais, demonstrando preocupação com desempenho e satisfação. Essa preocupação muitas vezes ocorre no início de uma relação e, depois, pode vir a ser um problema, trazendo certo prejuízo no relacionamento, quando a preocupação se torna recorrente.
Queremos muitas vezes uma fórmula mágica, de como ter um ótimo desempenho sexual e infelizmente, muitas pessoas buscam medicamentos ou acessam às pornografias para ter um parâmetro de melhor performance. Este tipo de acesso, porém, acaba elevando o nível de ansiedade daquela parceria, acabando em algum tipo de frustração muitas vezes, pelo objetivo não ter sido alcançado ou de não ser tão satisfatório como idealizado.
Acolho este tipo de queixa observando como está o nível de erotismo e de intimidade do casal. Se é um relacionamento inicial, as vezes não se tem tanta intimidade, ou se estão um tempo juntos, observar a importância de manter a intimidade e dar vazão ao erótico, sem invadir o espaço alheio.
Dar atenção à intimidade e ao erotismo vai além do erótico, pois é também perceber o sentido do cuidado, acolhimento, respeitar o tempo e ritmo do outro nesta relação. Muitas vezes não há esse cuidado, esse respeito, atropelando o outro pela busca de um melhor desempenho e alta performance e, assim, não se atentando ao ritmo de cada parceria ou na fase da vida que se encontra cada um.
É importante lembrar que nascemos e morremos com nossa sexualidade e não vamos perdê-la em momento nenhum na vida. Mesmo quando estamos sem parceria, exercemos nossa sexualidade praticando a masturbação, por exemplo. E, estando com outro, às vezes queremos algo que vai além daquele ritmo e que não é real, podendo ser uma fantasia ou algo performático como num filme pornográfico que exige certo desempenho para reproduzir.
Podemos usar um termômetro, "aferindo" sempre como está o ritmo e a procura de cada um na relação. Questione "como que está?" "Está mais frio, morno, quente?" Porém, não esqueça da fase de vida que se está passando. Por exemplo, se você acabou de ter um bebê ou perdeu o emprego, pode interferir nesta "temperatura" e se não olharmos para estas questões a relação pode esfriar.
Priorize um diálogo claro e objetivo no relacionamento. Havendo esta conexão e comunicação ajudará nas preferências, conhecimento e satisfação. Falando para o outro do que gosta, independente do momento e do dia a dia. Não reduzindo ao momento do ato sexual, mas no cotidiano para quando chegarmos num momento tão íntimo quanto uma relação sexual, o clima de entrega seja mais propício. Havendo essa conexão, pode ser um caminho quando a busca é a preocupação com o desempenho e satisfação.
Assim percebemos que ter uma boa performance, vai além de tomar medicamentos ou reproduzir cenas inimagináveis, se não olharmos para os fatores acima colocados, a performance, esse ritmo, não vai ser alcançado.
A performance independe de quantidade e potência, tem muito mais haver com a qualidade. Não temos receita para alta performance e melhor desempenho, se não nos reduzimos a máquinas, reproduzimos mecanicamente, algo que não faz parte do próprio corpo humano. Exigir constantemente uma alta performance é não se respeitar e buscar algo que nos desumaniza.
Sou psicóloga clínica, sexóloga e terapeuta de casal, atendo nas modalidades presencial e online, atuando na linha Fenomenológica-existencial e hermenêutica.
Nos atendimentos tanto individual quanto com o casal o foco é promover saúde e qualidade de vida, permitindo que a pessoa atendida possa dar significado às suas vivências e criar autonomia para poder fazer escolhas e resolver seus problemas por meio de suas próprias potencialidades.