Quem atende casais em consultório sabe que, muitas vezes, os grandes rompimentos começam em detalhes pequenos: um toque que deixa de acontecer, um olhar que se perde na rotina, um beijo que vira formalidade. E é justamente nesse ponto que uma recomendação simples, vinda dos estudos do Instituto Gottman, pode se tornar uma potente ferramenta de intervenção: o beijo de 6 segundos.
Sim, um beijo. Mas não qualquer beijo. Estamos falando de um gesto intencional, consciente, que dura mais do que o automático "selinho" do dia a dia, e menos do que exigiria uma preparação romântica especial. Segundo John e Julie Gottman, esse beijo de seis segundos é um ritual de conexão emocional ? um momento breve, mas cheio de presença e afeto, que ajuda a manter o vínculo vivo mesmo em meio às exigências da vida cotidiana.
O tempo é estratégico: seis segundos são suficientes para ativar respostas fisiológicas positivas no corpo (como a liberação de ocitocina, o hormônio do vínculo), mas também para interromper o fluxo automático do dia e marcar aquele encontro como algo que importa. Não é sobre sexo, nem sobre performance ? é sobre lembrar o casal de que ainda existe um "nós" ali, mesmo nos dias difíceis.
Para nós, profissionais, essa prática pode ser uma forma acessível e leve de trabalhar reconexão afetiva. Pode ser proposta como um experimento terapêutico, especialmente para casais que já não demonstram afeto no cotidiano, mas que desejam retomar a intimidade. E o mais bonito é que, embora pareça simples, esse pequeno gesto pode abrir espaço para conversas mais profundas, reaproximações e reencontros simbólicos.
Vale lembrar que o Instituto Gottman não propõe essa ideia de forma romântica ou superficial ? ela é fruto de décadas de pesquisa científica sobre os comportamentos que sustentam relações saudáveis ao longo do tempo. E talvez essa seja uma das grandes lições desse exercício: manter o vínculo não exige grandes eventos, mas sim pequenos gestos consistentes, feitos com presença e intenção.
Seja como intervenção pontual ou como parte de um plano terapêutico mais amplo, o beijo de 6 segundos pode ser um convite para que o casal se olhe novamente ? com menos pressa, mais presença, e quem sabe, com um pouco mais de ternura.
Psicóloga CRP 07/26032 com Especialização em Terapia Sistêmico-Cognitivo de Famílias e Casais. Tem como missão auxiliar pessoas e casais a descobrirem e se conectarem com sua forma de amar. Hoje realiza sua missão através dos atendimentos clínicos online a adultos e casais e também através da capacitação Ser Terapeuta de Casal que educa e empodera psicólogas no atendimento com casais. Luta por um mundo em que a diversidade seja reconhecida para que todos possam receber atenção, acolhimento e atendimento qualificado. Idealizadora deste site de indicações e supervisora das psicólogas/os nele cadastradas/os.